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Cores e caos - entrevista com Gustavo Minas

O fotógrafo e jornalista Gustavo Minas é um nome popular na fotografia de rua brasileira atual. Ao longo dos últimos doze anos, construiu uma obra que se destaca pelas cores e sombras fortes, pela temática urbana e por composições muitas vezes aparentemente caóticas. Com ela, atraiu mais de 13 mil seguidores no Flickr e quase 50 mil no Instagram.

Venceu também alguns concursos fotográficos que lhe deram projeção: o Life Framer: Street Life; o POY Latam 2017, na categoria O futuro das cidades; e o Prix Photo Web Aliança Francesa 2017, com o ensaio O parto. Foi finalista de outros, como o Conrado Wessel 2016 e o Prêmio Gávea de Fotografia 2016, e destacou-se no último Sony World Photography. Exposições, conta três individuais e uma dúzia de mostras coletivas, no Brasil e no exterior, algumas delas como membro de coletivos que integrou, como o Flanares e o SelvaSP.

Agora, está lançando o primeiro livro, direto lá fora, pela Edition Lammerhuber. Chamada Maximum Shadow Minimal Light (Máxima sombra mínima luz), a obra nasceu do contato com um editor austríaco que viu o ensaio vencedor do Pictures of the Year Latam, de Minas, em uma newsletter sobre fotografia. Em 2017, o brasileiro foi para a Áustria editar cerca de 800 fotos, feitas desde 2010, e colocar o livro de pé. A versão final, ficou com 95 imagens, é uma espécie de retrospectiva do trabalho de Minas.

O livro é um dos temas da entrevista a seguir. Nela, Minas fala ainda sobre seu início na fotografia, as principais influências, o papel do fotógrafo Carlos Moreira em sua formação, seu processo de trabalho e a relação com as pessoas retratadas na fotografia de rua.

Como e quando você começou a se interessar por fotografia? O que mais te atraia?

Sempre tive um certo interesse, desde criança. Meu pai tinha uma dessas coleções meio enciclopédicas da Abril chamada "Nações do Mundo", e eu gostava de folhear e ver as fotos. No colegial, comprei uma câmera compacta e fotografava os churrascos da turma. Daí fui fazer jornalismo e meu pai me deu uma Yashica FX-D com uma 28mm que ele tinha parada em casa. Então, eu acabava fotografando a maioria das pautas do jornal laboratório. Havia um interesse pela fotografia, mas não sabia o que queria fotografar. Em 2007, comecei a trabalhar no jornal Agora São Paulo, 12 horas por dia, finais de semana, e estava precisando fazer outra coisa da vida para desbaratinar. Resolvi fazer um curso de fotografia e descobri o Carlos Moreira. Me inscrevi, e aí as coisas começaram a mudar. No primeiro semestre ele mostrou os mestres em PB: Bresson, Kertész, Robert Frank, Lee Friedlander, etc. Quando começamos o segundo semestre, fui descobrindo os caras da cor. Principalmente Harry Gruyaert, Alex Webb, Gueorgui Pinkhassov, Saul Leiter, que me tocaram mais, pelo jeito que lidavam com a luz. No caso de boa parte do trabalho do Webb e Gruyaert, a luz era muito parecida com a nossa. A partir daí comecei a fotografar quase diariamente. Como trabalhava à tarde, a única hora possível para encontrar essa luz "boa" era no começo da manhã. Então, comecei a sair de casa com o sol nascendo e a percorrer São Paulo, que era uma cidade ainda desconhecida para mim. Tinha uma Nikon D80 na época, e usava uma 24mm (que se tornava 36mm). Mas o curso do Carlos foi muito além de noções de composição e linguagem. Me ensinou muito sobre postura em relação à fotografia, sobre a fotografia como forma de se relacionar com o mundo, e me ensinou a não esperar nada da fotografia além da satisfação pessoal.

Desde que comecei a acompanhar o teu trabalho, pelo Flickr, lembro de ter ficado impressionado com o volume de imagens que você publicava diariamente. Você fotografa todo dia? Se sim, quantas horas? Como é a sua rotina de produção?

Sim, idealmente. Se tem sol, saio de manhã, quando o sol nasce, e ando umas três horas pela cidade. À tarde, aproveito o intervalo no meu trabalho (como jornalista) e fotografo mais uma hora quando o sol está se pondo.

Muitas das tuas imagens tem cores fortes, saturadas, e contrastes marcados entre claro e escuro, com sombras duras. Outras, têm reflexos. Geralmente, a composição é complexa. Às vezes, me lembram Alex Webb, outras, Gueorgui Pinkhassov. Quem são as suas referências e inspirações hoje?

Webb e Gruyaert foram referências muito fortes no início. Com o tempo, acho que fui incorporando outras, como o Pinkhassov e o Ernst Haas também. Além de, claro, tudo que eu li, vi e ouvi na vida, de fotógrafos que conheci no Flickr e no Instagram. Esse processo nunca termina. Acho que na minha série de Cássia tem muita coisa do Win Wenders, por exemplo. Mês passado fui fazer um curso com a Rosely Nakagawa e mostrei este esboço de trabalho sobre Brasília: www.gustavominas.com/Brasilia. Foi muito engraçado, porque no final da leitura ela disse que as fotos a lembravam um escritor japonês, o Haruki Murakami, e por acaso é o cara que eu mais tenho lido nos últimos anos.

Você já foi parte de coletivos, como o Flanares e o SelvaSP. Que papel ele teve na tua formação?

A fotografia de rua é uma prática muito solitária, então é bom sentir que não estamos sozinhos nessa. Estar em contato bem próximo com outros fotógrafos, de outra geração (eu era uns dez anos mais velho que a média da galera), como rolou na época do SelvaSP, abriu minha cabeça demais e me expôs a mais jeitos de olhar a rua. Me fez me afastar um pouco do formalismo mais clássico das minhas influências. Acho que rejuvenesceu um pouco minha fotografia. E a minha vida, na época, também.

Está trabalhando atualmente em algum projeto específico e ainda inédito? Pode contar algo sobre ele?

Não exatamente. Sempre luto pra fugir da Rodoviária de Brasília, que já fotografei bastante, mas acabo voltando a ela porque o fluxo de pessoas e a luz de lá me atraem muito. Às vezes consigo escapar. Aos poucos vou colecionando umas imagens de Brasília, além da Rodoviária, e tentando montar uma série sobre a cidade, sempre buscando imagens que fujam de alguma forma da concretude da realidade, que tenham algum nível de ficção, apesar de serem acontecimentos "reais".

Você vive de fotografia? Se sim, de que tipo? De arte? Ou faz trabalhos para terceiros também?

Que nada. Trabalho como jornalista numa empresa pública de comunicação para pagar as contas. Mas faço frilas de vez em quando. Tenho dado oficinas de fotografia de rua, vendo umas fotos de vez quando. Por um lado, é ruim porque me deixa preso aos mesmos lugares, e Brasília é uma cidade bem limitante para fotografia de rua. Por outro, me deixa livre pra fotografar só pra mim 99,9% do tempo.

Como escolhe os temas ou lugares onde vai fotografar?

Não tem uma escolha deliberada. Os temas e lugares geralmente surgem a partir de caminhadas. A luz do lugar e o fluxo de pessoas geralmente me fazem querer fotografar mais algum lugar. A criação dos projetos também surge assim. Vou fotografando o mesmo lugar despretensiosamente, e depois de um tempo, às vezes rola olhar para trás e ver que tem uma sequência que faz sentido no conjunto.

Você edita suas fotos no calor do momento, logo depois de fotografar, ou as deixa descansar?

Geralmente eu as trato no mesmo dia, ou nos dias seguintes. Daí deixo elas esquecidas por cinco ou seis meses antes de publicar, para tentar ter um olhar mais desapegado. De vez em quando preciso voltar aos arquivos ainda não tratados e descubro que tinha coisa ali que eu não tinha visto antes.

Como é o teu processo de pós-produção?

Bem básico. Num primeiro momento, bato o olho rapidamente nas fotos e vou dando quatro estrelas pras que eu quero rever. Dou uma segunda olhada e escolho as que acho que vale a pena tratar. Começo com um preset e vou fazendo ajustes na exposição, recupero sombras e luzes altas, e também ajusto as cores individualmente, dependendo da luz e da temperatura de cor. E faço alguns ajustes pontuais de exposição com os pincéis também.

Você já disse em uma entrevista que uma das tuas grandes inspirações foi o Carlos Moreira. É uma escola para muita gente. O que você, em particular, aprendeu com ele? De que forma ele te ajudou a transformar a tua fotografia? Quando você fez o curso com ele?

Fiz em 2009. Como disse na primeira questão, o curso foi muito além de noções de composição, cor, luz, além da imersão na história da fotografia. Para mim, além da obra maravilhosa, o Carlos é muito inspirador pelo jeito que ele encara a fotografia: a despretensão, a consciência do nosso lugar minúsculo na história da fotografia, a ideia de que a prática deve estar muito mais ligada à satisfação pessoal, à descoberta do mundo e de si mesmo, e que os resultados fotográficos são apenas consequência do que a gente é, de como a gente vê. E uma coisa que ele sempre falava ficou marcada em mim: fotografia é ficção. Isso me deu a consciência de que eu não precisava depender de fatos interessantes para fazer fotos interessantes. Pelo contrário: o banal deveria ser a matéria-prima a ser trabalhada e transformada através do olhar, da luz, do enquadramento.

A fotografia passou por um processo de democratização, nos últimos anos. Hoje, muita gente tem acesso à boas câmaras. O número de fotos a que somos expostos diariamente é imenso e crescente. Todo mundo se acha um pouco fotógrafo. Li em uma entrevista sua uma comparação interessante. A de que muita gente sabe escrever, mas poucos são escritores. O que diferencia um fotógrafo das demais pessoas que fotografam?

Ouvi essa comparação pela primeira vez com a professora Simonetta Persichetti. Mas não acredito em dom, "olho bom" ou inspiração. No fundo, o que diferencia o fotógrafo de quem apenas fotografa é a vontade e a prática aliada ao estudo dessa linguagem. Não acho que fotógrafos tenham um dom especial, apenas são pessoas que se dedicam mais à fotografia, seja por prazer, dinheiro, vaidade, etc.

Em muitas das suas fotos, fica a impressão de que as pessoas fotografadas foram pegas de surpresa. Algumas, inclusive, parecem não gostar muito. Esse é um dos grandes receios de quem começa a fotografar na rua. Você já arrumou confusão por causa disso? Tem alguma estratégia para evitar problemas?

Algumas pequenas. Mas nunca apanhei. Então, acho que estou no lucro. A estratégia é tentar intuir e respeitar o limite dos outros, ter empatia. Mesmo que eu não converse com as pessoas antes de fotografá-las, quase sempre rola um pouco de comunicação não verbal, ainda que muito sutil. Muitas pessoas não se importam. Outras até gostam de ser notadas. Quando alguém reclama, tento explicar o que estou fazendo, digo que estou estudando fotografia e fotografando a cidade. Quando pedem, apago a foto. É importante ter a consciência de que não se está fazendo mal a ninguém, e passar essa tranquilidade às pessoas de alguma maneira, seja sorrindo ou demonstrando naturalidade no ato.

A fotografia, para você, deve ter papel político? Se sim, qual?

Não acho que ela deva ter, mas acho que ela pode ter. Mas entendo esse papel político além do simplesmente fotografar tragédias, protestos e questões sociais. Acho que há política na fotografia em um nível mais pessoal, em dedicar um tempo a observar as cidade, a vida dos outros, a tentar entender e fazer parte do seu entorno. E acho que há política em tentar extrair beleza do banal e do cotidiano, em passar isso adiante por meio de imagens. Fazer as pessoas verem, tirá-las dos seus mundos, também pode ser um ato político.

Que equipamentos você usa para fotografar? Por que os escolheu?

Desde 2014, tenho usado câmeras mirrorless. Comecei com Fuji, fui pra Sony e voltei pra Fuji. Elas são mais lentas, mas gosto das cores do sensor da Fuji e do fato de serem bem menores e mais leves pra andar na rua.

Qual o seu projeto preferido, e por quê?

Pô, não tem um preferido. Mas eu acho que o Rodoviária é o mais bem resolvido. Acho que o fato de eu fotografar o mesmo lugar quase todos os dias, por três, quatro anos, me fez desenvolver como fotógrafo. Comecei fazendo fotos bem frontais e descritivas, e com o passar dos meses fui "forçado" a buscar novos ângulos, os reflexos, novos cantos, para tentar não ficar estagnado e preso naquele espaço físico demarcado.

Você está lançando agora o seu primeiro livro. Como surgiu o projeto?

Surgiu justamente com o Rodoviária. O ensaio foi vencedor na categoria "O Futuro das Cidades" no concurso Pictures of the Year Latam, em 2017, e circulou um uma newsletter sobre fotografia. Essa newsletter chegou a um editor austríaco que gostou do trabalho, foi atrás de outras coisas minhas e entrou em contato propondo um livro. Em 2017, fui para a Áustria e trabalhamos na edição a partir de umas 800 fotos que tinha feito desde 2010. Fizemos algumas poucas mudanças desde então. A versão final tem 95 fotos.

Qual o foco do projeto? Sobre o que trata?

Desde o início, a ideia era fazer uma "retrospectiva", um apanhado geral do que eu tinha produzido até então. Não tem uma linha narrativa, nem é organizado por lugares ou ensaios. É um livro de fotos soltas.

Quem está bancando?

A editora, 100%.

Qual a sua expectativa com ele?

Os livros sempre foram meu jeito preferido de ver fotos, então só o fato de ele existir pra mim já é uma realização em si. Mas, claro, também estou muito satisfeito de estar na prateleira de outras pessoas, de conseguir me comunicar desta forma.

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A vida nos extremos - entrevista com Fabio Teixera e Alex Ribeiro

Os fotógrafos freelancer Fabio Teixera, de 38 anos, e Alex Ribeiro, de 36 anos, passaram o ano de 2015 atrás de histórias de gente vivendo em situações extremas no Rio de Janeiro. Realizaram mais de 20 entrevistas. Conversaram com meninos caçadores de rãs, limpadores de sepultura, caçadores de caranguejo, prostitutas. Estiveram no bairro do Caju, no Complexo do Alemão, em cemitérios, manguezais e na Vila Mimosa, uma das mais famosas áreas de prostituição do país. Este ano, diz dupla, vão reunir as histórias em um documentário e, as fotos feitas em paralelo, em uma exposição, ainda sem data definida. O nome de ambas será Sobreviver.

A ideia surgiu durante um café. Colegas de profissão, os dois se conheceram na cobertura de eventos que viraram notícia no Rio de Janeiro e logo perceberam que tinham interesses comuns para além do jornalismo. A ambição de ambos era também fazer documentários sobre questões sociais, como “Vivendo um outro olhar”, o filme que levou Teixeira, paulista de Piracicaba, a conhecer a atual noiva, Ingrid Cristina, e a se mudar para o Rio, em 2009 – Ingrid também é fotógrafa e aprece no documentário. Decidiram, então, unir esforços em um projeto comum.

Na entrevista a seguir, Teixeira e Ribeiro falam sobre suas carreiras, sobre o documentário e a foto campeã do prêmio Nikon deste ano, vencido por Teixeira.

Como surgiu o interesse de vocês por fotografia?

Ribeiro – Desde os 15 anos, quando ganhei uma câmera Mirage, eu ficava tão ansioso para ver os resultados da revelação, que ia sempre um dia antes do prometido. Daí descobri a paixão pela fotografia. Até hoje eu sou assim, quando vou revelar um filme. Aos 21 anos, comecei a vida profissional fazendo fotos sociais para amigos e vizinhos. Depois de dois anos, queria fazer fotojornalismo. Saí para a rua para montar um portfolio e não parei mais.

Teixeira – Começou em 1992, eu era assistente de casamentos. Fazia assistência de estúdio, publicidade, books, casamentos. Já gostava muito. Tinha uns 15 anos, na época. Fiquei oito anos nesse ramo. Depois comecei a fotografar para um jornal da minha cidade, no interior de São Paulo, o jornal A Tribuna de Piracicaba. Fiquei quatro anos. Depois comecei a fazer trabalhos pra agência Folhapress, já em 2004.

Mas você, Fabio, hoje mora no Rio de Janeiro, certo ?

Teixeira – Sim, moro aqui agora. Minha noiva é carioca. Mudei de Piracicaba para o Rio em 2008 ou 2009. Ganhamos um apartamento do meu sogro, depois de um ano de namoro. Mudei para morar com ela. Antes, eu morava em Piracicaba. Conheci ela através de um documentário que vi no YouTube, chamado “Vivendo um outro olhar”, do Guilherme Planel. Ela aparece no filme. Ficamos amigos, depois ela veio à minha cidade passar uns dias.

Vocês dois trabalham como freelas? Para quem?

Teixeira – Sim. Corbis, UNICEF, Cruz Vermelha, HBO, CNN, Reuters, AFP, Folha, BBC, ONU, Vice, Veja, Uol. E faço trabalhos documentais.

Ribeiro –The Sun, Dailymail e Estadão Conteúdo, como colaborador.

Como surgiu a ideia do documentário Sobreviver?

Ribeiro – Nos conhecemos cobrindo pautas. No convívio com o Fábio, descobri que tínhamos a mesma ideia de fazer fotos documentais. Então, eu e ele pensamos em trabalhar juntos em um projeto, pensamos em um assunto bem extremo, pessoas que vivem em condições extremas de sobrevivência. Daí saiu o documentário Sobreviver.

Teixeira – A ideia surgiu um dia em que estávamos tomando um café. Com o tema definido, eu e o Alex começamos a documentar as comunidades no Rio.

Quando começou e em que pé está o trabalho?

Teixeira – Começamos há um ano e três meses e estamos já na fase final. Em breve, começaremos a fase de edição. Entrevistamos umas 20 pessoas. Gente que vive no mangue, em favelas do Rio, como o Alemão, Pantanal e Caju. Esperamos lançar ainda em 2016. Essa é a ideia. Na primeira fase do projeto, éramos só eu e o Alex. Agora, na edição, Planel (Guillermo Planel) está nos ajudando. Fizemos vídeos e fotografia, e vamos fazer exposição também. A exposição não tem data, mas vai rolar. Faz parte do projeto.

Ribeiro – As fotos fazem parte do documentário. Será um filme de fotos e vídeos, contando histórias.

Como selecionaram os personagens? Por profissão?

Teixeira – Sim, profissões diferentes. Meninos caçadores de rãs, limpador de sepultura, caçadores de caranguejo, prostituição da Vila Mimosa.

Vocês já conheciam alguns? Como foi convencê-los a participar?

Teixeira – Não conhecíamos ninguém. Só na Mimosa, foram sete meses de trabalho.

Tem um trabalho de ganhar confiança, né?

Teixeira – Sim. Mas, a cada história, uma nova lição. Na Vila Mimosa, havia uma mulher que fazia oração antes de ir fazer os trabalhos dela, os programas.

Ribeiro – Cada espaço que fotografamos foi conquistado com muita conversa e tempo. Ninguém chega lá de uma hora para outra e começa a fotografar. Primeiro ficamos bem conhecidos no local. Depois ganhamos a confiança. Daí surgiram os primeiros clicks. É claro que nem todas aceitavam ser fotografadas. Mas as que permitiam, a agente não perdia tempo. A câmera sempre era direcionada para as meninas, mas eu ficava esperando passar clientes e curiosos, para dar aquela composição. Tinha clientes que não se importavam com as lentes. Aí já viu, era tudo que queríamos. Mas nem todos se agradavam com a nossa presença. A maioria não gostava.

Qual o momento que mais te marcou durante todo o processo?

Ribeiro – Na Vila Mimosa, uma garota de programa, cheirando cocaína em cima de uma lixeira.

Qual a principal dificuldade que enfrentaram? Por quê?

Ribeiro – A principal dificuldade é o tempo, pois eu trabalho, e nem sempre o tempo do Fábio é o meu tempo. Para ser documentarista, tem que ter muito tempo e muita paciência.

Fabio, você acaba de vencer um concurso, o "Eu sou o Natal", da Nikon. Pode nos contar um pouco os bastidores da foto que venceu?

Foto: Fabio Teixeira - imagem vencedora do concurso "Eu sou o Natal", da Nikon.

Foto: Fabio Teixeira - imagem vencedora do concurso "Eu sou o Natal", da Nikon.

Teixeira – Foi feita no final de 2015. Fui acompanhar um Papai Noel na favela de Ramos, que é um garoto de 14 ou 15 anos, morador da Maré. Uma academia doa brinquedos todos e ele ajuda a entregar. Fica perto da minha casa. Minha mulher acompanha a entrega dos presentes há cinco anos e, eu, há dois.

É seu primeiro prêmio?

Teixeira – É, sim.


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Cia solo – entrevista com Pio Figueiroa

Foto: Pio Figueiroa - uma das imagens do projeto Ver do Meio, exposto em maio em São Paulo

Foto: Pio Figueiroa - uma das imagens do projeto Ver do Meio, exposto em maio em São Paulo

O fotógrafo recifense Pio Figueiroa integrou o que foi provavelmente o mais influente coletivo de fotografia brasileiro dos anos 2000. Depois de uma temporada de oito anos de fotojornalismo, com passagens pelo Jornal do Commercio, Editora Abril, Editora Três e Valor Econômico, fundou em 2003, com Rafael Jacinto, João Kehl e Carol Lopes, a Cia de Foto.

A Cia ficou conhecida por assinar coletivamente seus trabalhos, por uma forte pós produção das imagens e pela experimentação estética. Publicou em revistas brasileiras, como Veja, Revista da Folha e IstoÉ, e em títulos estrangeiros de peso, como Time Magazine, Newsweek e National Geographic, além de ganhar notoriedade por uma série de projetos autorais.

Um dos mais conhecidos é “Caixa de Sapato”, registro da vida pessoal e da intimidade dos integrantes, exposto no Museu de Arte Moderna de São Paulo (2008) e na Photographer’s Gallery, de Londres (2009). Outros, são “25 de Março”, sobre a rua de comércio popular paulistana, com o qual entraram para a Coleção Pirelli Masp, e “Carnaval”, uma série que foca rostos vistos de cima, em meio à multidão em festa, exposto na Photoquai de 2011, em Paris.

Com o fim da Cia de Foto, em 2013, Pio saiu em carreira solo. Nesta entrevista, ele fala sobre sua trajetória na fotografia, os projetos aos quais se dedica desde então e sobre a recente exposição "Ver do Meio", sobre a cidade de São Paulo, que aconteceu este ano, no Instituto Tomie Ohtake, e que, segundo Pio, vai estar em 2016 na Bienal de Arquitetura, na Itália.

Você trabalhou em jornais como o Valor Econômico e fez parte do coletivo Cia de Foto por dez anos, até ele terminar, em 2013. Quais os projetos e iniciativas a que tem se dedicado desde então?

Minha entrada na fotografia foi pelo fotojornalismo. Comecei no Jornal do Commercio, em Recife. Depois vim para São Paulo trabalhar na área editorial da Abril. Em seguida, fui para Editora Três e fiquei por lá até o projeto do Valor Econômico. Isso somado resulta em oito anos no mercado editorial. Daí surgiu a Cia de Foto, como forma de migrar desse mercado para um ambiente que permitisse mais pesquisas e projetos próprios. Hoje em dia desenvolvo meus projetos, estou sempre desenvolvendo novas historias. Sou editor de uma revista chamada Sueño de La Razon, que envolve editores de todos os países da América latina. Sou também editor do blog Icônica, junto com mais quatro professores/pesquisadores da fotografia. E estou desenvolvendo um roteiro de longa metragem via uma edital de cinema. Uma história que se relaciona com a fotografia.

Na Cia de Foto, o trabalho de vocês, tinha uma estética muito marcante, mas determinada de forma coletiva. Você tem hoje uma preocupação em buscar uma linguagem mais própria, de criar uma nova identidade visual? Se sim, de que forma tem buscado fazer isso?

Acho que sempre tive uma fotografia que flertava com a pintura. Até mesmo no jornalismo que fazia no Jornal do Commercio, fotografando em filme positivo na época (Próvia 100/ FUJI). Já ali procurava uma fotografia bastante definida pela luz, pelas cores. A Cia foi parte desse processo. Nesse sentido, continuo um procedimento que se repete agora e que vem antes da Cia, de me dedicar bastante a um lado pictórico. Não tenho muito uma preocupação de criar uma identidade, porque antes e durante o coletivo, meu procedimento de pesquisa era bem parecido, e se espelhava na experiência que tinha em fotografar com filmes cromo, nos quais a latitude era bem limitada, exigindo uma exposição mais cuidadosa, e, ao mesmo tempo, com a experiência que tinha no laboratório P&B, no qual usava muito o recurso de mascara para proteger áreas e dotar a imagem de diferentes gradações de luz e sombra. Essa pesquisa continuou e continua de forma análoga no mundo digital. E na Cia seguiu esse procedimento.

Como é, de modo geral, seu processo de trabalho? Varia de projeto para projeto? Ou existe um eixo comum entre todos eles? Que equipamento costuma usar para fotografar?

De modo geral, uso uma Canon Mark III e lentes fixas, 35mm ou 85mm. Fotografando sempre com luz natural e tentando captar as cenas em acordo com o histograma. Não ligo muito para o resultado da imagem na hora em que capto, mas prezo por um arquivo rico em informações. Depois, no Photoshop, é que chego onde quero. Esse procedimento pode ser visto como um eixo que me segue desde do início. Claro que lá atrás não havia o arquivo digital nem usava o Photoshop, mas seguia um procedimento parecido nas revelações e ampliações de meu material. Outro ponto, é que sempre fotografo situações que seguem uma abordagem de fotojornalismo. Geralmente não projeto muito o que irei fotografar. Leio a respeito, apuro, pesquiso, mas quando me lanço ao assunto deixo a vivencia compor a fotografia que expressarei.

A Cia de Foto ficou conhecida pela atuação como coletivo. O que acha de iniciativas semelhantes que surgiram desde então? Poderia citar alguns que te chamam mais a atenção?

A Cia de Foto foi pioneira em alguns aspectos, um deles foi o da produção coletiva. Mas outros se seguiram como o de romper com mercados específicos, atuar no jornalismo, na arte e na publicidade sem preconceito e conseguir ser aceito nesse meio. Outro ponto foi recorrer as pesquisa acadêmicas e aproximar essas pesquisas de nossa produção. Acho que esse três pontos, de alguma forma, ganharam uma força específica com a Cia, e hoje em dia, várias outras iniciativas super legais seguem esse movimento. Não penso com isso que foi a Cia que inventou nem um desses aspectos. Mas penso que houve uma atividade que dinamizou algo que estava como sintoma, prestes a acontecer.

O jornalismo e a fotografia relacionada a ele vivem uma crise séria de modelo de financiamento. Passar por uma redação era, e ainda é, uma etapa importante na formação de muito fotógrafos. Mas está cada vez mais difícil viver disso. Que caminhos enxerga hoje para profissionais jovens que tem a intenção de se dedicar ao fotojornalismo e à fotografia documental? E em termos de financeiros, como se bancar?

Não teria uma formula. Acho que a geração que vem aí é que vai nos ensinar como fazer. Nós fomos a geração da falência. A solução tem que vir da próxima. E eles tem que ter estima para isso, para criarem novos caminhos. Sou bem fã do Mídia Ninja, das iniciativas como a dos Jornalista Livres, e ainda espero, com entusiasmo, outras ideias e soluções. Acho que minha geração deve se colocar muito mais na condição de aprendizado do que tentar determine caminhos. Sou muito curioso pelas alternativas que a molecada pode trazer. Mas eles precisam de ensino e de uma comunidade que liberte eles ao experimentalismo.

Você expôs recentemente com os fotógrafos Mauro Restiffe e Arnaldo Pappalardo o projeto “Ver do Meio”, que teve como curador Nelson Brissac. Como surgiu a ideia da exposição?

É uma curadoria do professor Nelson Brissac. Ele parte de uma ideia de que São Paulo é uma cidade que não se deixa ver, um aglomerado de prédios que reconfiguram a nossa capacidade de uma apreensão geográfica mais convencional. Dessa ideia, ele convidou os três fotógrafos para fotografar a cidade em três abordagens, o centro da cidade, os eixos de deslocamento e as periferias.

Como foi feita a seleção das fotografias que entrariam? A quatro mãos, como o curador Nelson Brissac? Em parceria com o Mauro Restiffe e o Arnaldo Pappalardo?

O projeto teve três grandes momentos. Um início, no primeiro semestre de 2014, quando começamos a nos encontrar e discutir a abordagem. Recebemos aulas do Nelson sobre a ideia de exposição. Depois chegamos a um consenso sobre o tempo que precisaríamos para desenvolve-la, os custo de produção, etc.. Em um segundo momento, começamos o trabalho de campo. Aqui era comum nós nos encontrarmos com as fotos recém tiradas e escutar do grupo as impressões que tínhamos, assim como entender para onde estava caminhando cada pesquisa. Em um terceiro momento, veio a hora de editar e materializar a exposição. Essa parte ocorreu nos três meses que antecederam a abertura.

Vocês já haviam trabalhado juntos antes? Em que ocasiões?

Com o Nelson sim. Tinha participado de mais de um projeto anteriormente. Faz tempo que acompanho a pesquisa dele, desde dos movimentos que ele provocava com o Arte/Cidade, e as ocupações artísticas na Zona Leste. Já o Mauro, sou bem fã do trabalho. É um fotógrafo que admiro muito, acho uma pesquisa madura, significativa, importante para a historia da linguagem aqui no Brasil, no que se relaciona com a arte. O Pappalardo foi uma grande apresentação. Lembrava dele muito mais pelo trabalho na publicidade, e sempre o vi como um grande cara. Nesse ano, essa impressão se tornou certeza e foi uma convivência que promoveu uma amizade.

É interessante notar como a visão de cada um de vocês sobre a paisagem urbana é diferente. O Pappalardo fotografou muito edifícios comerciais e residenciais, as fotos são coloridas e chamativas. Tem muito da poluição visual e da mistura de cores da cidade. As fotos do Restiffe são em P&B, feitas em filme, grão bem aparente. As tuas tem principalmente pessoas.

Aqui eu acho que tem dois aspectos legais de destacar. O primeiro é a ideia do curador de procurar nessas pessoas uma complementariedade que resultasse numa exposição rica em abordagens. Nesse sentido, essa mistura de estilos tem um tanto de aposta e sensibilidade do curador. Um Segundo aspecto é perceber o quanto o grupo foi determinando a própria pesquisa do Nelson, o quanto a intenção curatorial inicial foi reformulada no embate com essas três traduções de olhares e procedimentos artísticos.

Qual a expectativa com o projeto? A ideia é levantar algum tipo de discussão que vá além da estética da fotografia? Se sim, qual?

Minha expectativa era responder as provocações que o próprio grupo engendrava. Como eram pessoas fortes, dedicadas ao trabalho, o ambiente foi muito combatível, e pensar no processo, ou dar conta do processo já foi um desafio que exigiu muito comprometimento. O que do trabalho suscitará discussões ainda é difícil dizer, pois ainda não o vi com distanciamento. Com certeza a questão estética é uma das entradas fortes de discussão, os diferentes estilos e procedimentos. Acho também que a exposição consegue discutir a ideia curatorial com abordagens bem especificas. Acho que o Pappalardo tem uma distancia criteriosa com a cidade. De alguma forma ele planifica São Paulo, constitui uma cidade sem sombras, como formas que se acumulam sem permitir distanciamentos entre elas. O Mauro faz uma fotografia que não sabemos ao certo se ele fala de um passado ou mesmo de um futuro catastrófico. As fotos dele ne P&B granulado nos colocam em algum intermédio de tempo, no qual fica difícil de saber se a São Paulo que constitui já é ruína, ou se ele antecipa um future esmaecido pela impossibilidade que essa cidade teria de se realizar. Acho que fico no meio, e me debruço nas pessoas. E são a gente da cidade, de uma lado de sua história que não admite vencedores.

Várias das imagens suas que aparecem na exposição são de projetos anteriores, certo? Alguma foi feita especificamente para a exposição? Se sim, quais?

As fotos são feitas para o Ver do Meio. Em alguns momentos, usei fotos da pesquisa em aplicações imediatas, na medida que era solicitado. É como você estar estudando um assunto amplo e te pedirem um texto breve sobre um aspecto, ou um recorte. Foi o faz, usando um momento do que desenvolves. Tem fotos no Ver do Meio que foram usadas também no projeto que fiz com a Magnum e com o IMS.

Quem são hoje as suas principais referências na fotografia, no Brasil e lá fora? Por quê?

São os pesquisadores teóricos. Filósofos, professores. Muito mais que fotógrafos. Me emociono muito quando encontro a fotografia como campo conceitual. E sou um público na espera por gente nova, desse eu ainda serei fã.

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Foco social - entrevista com Tércio Teixeira

Tércio Teixeira, um dos cinco membros do R.U.A. Foto Coletivo, faz parte de uma corrente de profissionais da imagem que acredita no potencial de transformação social da fotografia. Ao lado de Rodrigo Zaim, Jardiel Carvalho, Isabella Lanave e Felipe Paiva, participou ativamente da cobertura das Jornadas de Junho de 2013 e de uma série de outras manifestações que pipocaram pelo Brasil desde então. Em paralelo, registra continuamente a violência latente e a dura realidade do  dia a dia em comunidades cariocas e paulistas como forma de levar as pessoas à reflexão e chamar a atenção para problemas negligenciados por boa parte dos grandes veículos de comunicação.

Um dos exemplos mais recentes do trabalho de Teixeira é a exposição Essência, aberta até o dia 21 de junho, no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro (Avenida Vereador Alceu de Carvalho n.1020). Nela, ele reúne imagens feitas em um período de três anos, em comunidades paulistas e cariocas. Nas palavras do próprio Teixeira, a exposição mostra crianças que, não obstante viverem em meio ao caos, a violência e a miséria, preservam a integridade e virtudes que constituem a sua essência. O objetivo da mostra, diz, é jogar luz e angariar apoio para o projeto de oficina de fotografia idealizada pelo pastor Julio Mesquita, que será realizado na igreja batista Novo Horizonte, para crianças das comunidades César Maia e adjacências. Das 21 fotografias expostas, três serão leiloadas no dia 20 e, as demais, vendidas para apoiar a iniciativa.

Na entrevista que segue, Teixeira, hoje com 34 anos, fala sobre sua história na fotografia, a origem da exposição Essência, o papel político da fotografia e projetos paralelos por vir. 

De onde vêm o seu gosto por fotografia?

Tive influência do meu pai fotografo, que tinha loja de fotografia. Cresci vendo ele revelar rolos de filme em laboratório. Comecei a fotografar na adolescência, com uma Zenit do meu pai, e me formei pelo Senac, em 2006.

Que temas te interessam? Por quê?

Tenho interesse por diversos temas, porém me dedico mais a causas humanistas, entre elas desigualdade social, miséria e abandono, entre outros. Vejo que através da fotografia temos uma ferramenta importantíssima para abordar assuntos pelos quais grande parte da mídia não se interessa. Nasci em uma comunidade em que a violência e o abandono ainda são presentes e com isso posso mostrar, através da minha fotografia, o que cresci vendo e ainda vejo. A fotografia tem o papel de aproximar as pessoas dos fatos sociais e políticos, denunciar o abuso de autoridade, além de trazer a reflexão através da qual se buscam ações e soluções.

Fale um pouco sobre a exposição Essência, o trabalho que está expondo atualmente no Rio, no Recreio dos Bandeirantes?

A exposição veio para descortinar o projeto de oficina de fotografia que será realizada na igreja batista Novo Horizonte para as crianças das comunidades do César Maia e adjacências, idealizada pelo pastor Julio Mesquita. A exposição mostra crianças que, não obstante viverem em meio ao caos, a violência e a miséria, preservam a integridade e virtudes que constituem a sua essência. Assim propõe algumas reflexões tais como: quais as perspectivas dessas crianças? Quais caminhos elas tem? Nós, como sociedade, somos responsáveis? Como podemos oferecer alternativas dignas? As fotos foram realizadas em comunidades do Rio de Janeiro e São Paulo.

Como e quando surgiu a ideia do projeto?

Estávamos com um projeto em mente, de fotografar casamento de noivos que não tem condições de pagar por um álbum. Paramos na Comunidade Batista Novo Horizonte (CBNH) e o pastor Julio não só abraçou a idéia como convidou para o projeto da oficina de fotografia, topamos na hora e o projeto doa noivos acabou sendo adiado.

Qual o fio condutor? 

O pastor Julio Mesquita vem desenvolvendo diversas atividades educativas e culturais na comunidade César Maia e adjacências. Quando ele me conheceu, pensou na hora neste projeto. Não houve um planejamento. Estamos metendo a cara e pedindo ajuda para dar continuidade.

Quanto tempo levou fotografando e que equipamento usou? 

Tem fotos do ano de 2012 a 2015. Utilizei a D7000 (Nikon).

O convite para a exposição diz que a renda de fotos do projeto leiloadas vai para a oficina de fotografia voltada aos jovens carentes? O que espera com o projeto, em termos sociais?

A meta é principalmente produzir “bons” cidadãos, buscando preservar a essência da criança, abrindo oportunidades. Não é à toa que as crianças são consideradas “o futuro da nação”.

O projeto terá algum desdobramento em livro ou mesmo no site do R.U.A? Você pretende continuar a fotografar a comunidade? 

A princípio não será publicado em livro. Algumas fotos da exposição foram publicadas no site, outras era inéditas. Quanto ao projeto da oficina, ao final do curso haverá uma exposição com as fotos dos alunos. Certamente continuarei fotografando as comunidades. Mas sempre procurarei fazer disso uma oportunidade de dar visibilidade para os problemas que afligem essa parte da sociedade mais carente, e não uma exploração.

São quantas fotos e quantas serão leiloadas?

São 21 fotos. Três serão leiloadas e as demais estão a venda. Quem desejar comprar pagará o preço que desejar contribuir com o projeto. Cinco já foram vendidas. O leilão ocorrerá dia 20 de junho deste ano.

Como tem sido a repercussão?

Felizmente, foi um sucesso. Apenas duas pessoas da comunidade disseram ter ido a alguma exposição. Foi incrível ver as pessoas verem sua primeira exposição. Ficaram encantadas com o trabalho e isso é muito gratificante. 

Em que outros projetos você está trabalhando?

Estamos fazendo um trabalho no Jardim Gramacho, no município de Duque de Caxias, em parceria com o IdeMissoes, um projeto de Anderson Lima, que já tirou pessoas do tráfico e ajuda as famílias da região. Vamos retratar a vida dessas famílias, e divulgar esse projeto. Podemos adiantar que este projeto será longo.

Quem são os suas grandes referências na fotografia, aqui e lá fora? Por quê?

Os trabalhos de Cartier-Bresson, Robert Capa e James Nachtwey,  são inspiradores. No Brasil, admiro muito o trabalho do Maurício Lima. Suas fotografias são humanistas, envolvem pessoas esquecidas pela sociedade. Gosto de trabalhar o lado social, por isso me identifico com esses fotógrafos.

Que equipamento costuma usar no dia a dia? 

Hoje, trabalho com a Nikon D600. Gosto de trabalhar com lentes fixas.

(clique sobre a foto que abre a entrevista para ver outras imagens feitas por Tércio Teixeira)

 

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