Bangkok sob a luz de um flash - entrevista com Tawanwad Wanavit
Tawanwad “Tang” Wanavit é um jovem diretor de fotografia publicitária tailandês, de 29 anos, conhecido na internet também por sua fotografia de rua. Nascido em Chiang Mai, uma cidade histórica do norte montanhoso da Tailândia -- antigo centro administrativo e religioso do reino de Lanna, até 1558 --, mudou-se depois para a capital, Bangkok, onde vive atualmente e onde encontra, principalmente em área periféricas, os personagens e cenários de suas imagens.
Cheias de elementos bem equilibrados, animais, luzes estouradas e humor, as fotos de Tang, segundo ele, são apenas um hobby, e não dão dinheiro. Mas já lhe renderam, em 2018, o prêmio do site APF Street Photography, com mais de 140 mil seguidores ativos, e o reconhecimento de outros importantes fotógrafos de rua na Ásia, como o também tailandês Tavepong Pratoomwong.
“As fotos de Tang são como assistir a filmes blockbuster. Ele usa uma variedade de técnicas em uma foto, mas isso nunca se sobressai ao ponto focal da história que ele quer contar com suas lentes. Como resultado, as fotos de Tang são bastante impactantes e facilmente digeríveis para os espectadores”, disse Tavepong ao site BK, de fotografia, em uma entrevista sobre novas promessas da cena tailandesa de fotografia de rua.
Membro de coletivo Full Frontal Flash, Tang atualmente trabalha em um projeto sobre suas emoções. Diz que está buscando uma forma de transformar um sentimento negativo em algo positivo, através da fotografia. Mas ainda não sabe exatamente como.
Na entrevista a seguir, o fotógrafo de rua tailandês, que teve a conta do Instagram hackeada recentemente e está começando a postar suas fotos de novo, fala ainda de sua trajetória na fotografia, da rotina criativa e de suas referências na fotografia de rua.
Quando e como começou o seu interesse por fotografia?
Eu sempre me interessei por imagens, mas comecei a levar a fotografia a sério quando tinha por volta de 18 ou 19 anos. Foi quando tive minha primeira aula de fotografia de filme.
O que mais o atrai na fotografia?
Sou atraído pela granulação, pelas luzes intensas e pela espontaneidade na fotografia. Sempre que vejo um dos elementos, não consigo deixar de abordá-lo. Talvez seja um dos motivos pelos quais o Flashes me atrai. Sempre me dá luzes severas.
Como você começou a fotografar?
Comecei quando viajei para o Japão com minha mãe. Éramos apenas nós dois, eu carregava minha câmera comigo para todos os lugares, e como minha mãe adora ir ao comércio, eu tive que encontrar alguma coisa para fazer. Então, comecei a tirar fotos do que estava ao meu redor.
Onde você costuma fotografar?
Eu tiro fotos principalmente em lugares que não são limpos. Ainda não descobri o motivo por trás de entrar nesses lugares, mas adoro lugares sujos nos quais há pessoas vivendo.
Como você escolhe os temas e lugares em que vai fotografar?
Eu não escolho, eu normalmente ando por aí e sinto o lugar. Trabalho instintivamente a maior parte do tempo.
Você poderia descrever sua rotina quando está fotografando?
Eu costumo dirigir até a outra parte da cidade. Fora de Bangkok geralmente há campos abertos. Sinto-me ótimo quando estou por lá. Quando alguma coisa me interessa, estaciono em qualquer lugar e desço para fotografar.
Gosto do jeito que você constrói suas fotos. Freqüentemente, algo é deformado de uma maneira engraçada, que engana quem o olha, misturando o real e o irreal. Às vezes você coloca humanos e animais no mesmo nível. Existem muitos animais, água e lanternas. A composição é sempre muito harmônica e equilibrada. Quais são suas principais influências na fotografia e em outros campos que você acha que influenciaram sua maneira de ver?
Trabalho como diretor de fotografia profissional e a fotografia é um hobby (que levo muito a sério). Geralmente componho o quadro a partir da minha experiência no cinema e me adapto à situação. Talvez seja por isso que os quadros são sempre tão equilibrados. Eu tenho uma conexão profunda com os animais, eles são super fofos e me sinto relaxado quando estou perto deles. Então eu gosto de tirar fotos deles. Todo animal que vejo geralmente me remete à experiência que tive com meus cães quando eu era jovem.
Quais fotógrafos você mais admira?
Eu amo Trent Parke. Tudo o que eu gostaria de fazer, ele já fez. Na Tailândia, também temos muitos ótimos fotógrafos: Tavepong Pratoomwong, Akkara Naktamna, Noppadol Mitreejit. São ótimos fotógrafos de rua.
Você integra um coletivo de fotografia, o Full Frontal Flash. Por que você decidiu se juntar a ele? E como isso ajuda e influencia seu trabalho?
Entrei para o Full Frontal Flash Collective no ano passado. Somos um coletivo focado no uso de flash nas ruas. Barry Talis me perguntou um dia se eu queria participar e eu disse sim imediatamente, porque eu amo muito esse coletivo.
Você está trabalhando em algum projeto específico atualmente? Se sim, você poderia nos contar um pouco sobre ele?
Eu estou trabalhando em um projeto sobre minhas emoções. Muitas vezes sinto inveja de certos tipos de pessoas. Às vezes, esse sentimento se torna forte e acho que têm potencial para se tornar algo legal, mas ainda não descobri como.
Você ganha dinheiro com fotografia também? Ou apenas como diretor de fotografia?
Apenas como diretor de fotografia. Trabalho no Hyphen & Slash Creative Studio. É uma produtora focada em comerciais para televisão e internet.
Que câmera você usa para tirar suas fotos?
Uso uma Panasonic Lumix GX9 com uma lente Leica DG 15mm, f/1.7
Pelas ruas polonesas - entrevista com Katarzyna Kubiak
A fotógrafa polonesa Katarzyna Kubiak, de 35 anos, iniciou na fotografar aos 30 anos, idade em que muita gente já se considera velha para aprender qualquer coisa. Funcionária pública em Varsóvia, começou tirando fotos com o celular no dia a dia e em viagens, até vencer com uma delas um concurso. A qualidade do arquivo gerada pelo aparelho, porém, impediu que participasse da exposição com os vencedores e a levou a comprar uma câmera melhor.
Com o equipamento novo, passou a levar a fotografia de rua mais a sério. Fez parte de dois coletivos (Streetical Collective e un-posed) e se inscreveu em outros concursos. Venceu ou recebeu menções honrosas em quatro: International Photography Awards (2015), Moscow International Photo Awards (2016), Leica Street Photo (2016) e Human DOC Proclub Camera (2016). Teve fotos publicadas no World Street Photography Book, no Debuts (2016), na Street Photography Magazine, no Street Photography in the World Book vol. 1, na Eye Photo Magazine e na PhotoVogue, da Vogue italiana. Em paralelo, aos poucos, foi ganhando visibilidade nas redes sociais - hoje, no Instagram, tem mais de 20 mil seguidores.
Este ano, esteve no Rio de Janeiro, para o Carnaval. Apesar do receio em relação à violência na cidade, e dos alertas dados por cariocas na rua já por aqui, fotografou a festa.
Na entrevista a seguir, Katarzyna fala sobre sua trajetória, a experiência de fotografar no Brasil, a diferença de fotografar na Polônia, as dificuldades de conciliar a vida pessoal com a fotografia, a fotografia de rua e seus planos para o futuro como fotógrafa documental.
Quando você começou a seu interesse pela fotografia?
Comecei a me interessar por fotografia no final de 2014. Fotografava tudo que de alguma forma me interessava. Na época, eu tirava fotos com meu telefone celular. Por acaso, venci um concurso de fotografia, mas por causa da baixa qualidade da foto do meu celular, minha foto não pode fazer parte da exposição. Fui desclassificada e lamentei muito. Então, decidi comprar uma câmera.
O que mais atrai você na fotografia?
É difícil dizer, mas acho que é a beleza na fotografia. O tempo todo me surpreendo com algo em diferentes tipos de fotografia.
Por que você escolheu a fotografia de rua?
Eu não posso dizer que escolhi a fotografia de rua porque foi um processo natural. É apenas a forma que funciona melhor para mim.
Quais os maiores desafios na fotografia de rua? E o que você mais gosta?
Os desafios na fotografia de rua são o que eu mais gosto. Eu acho que é uma curiosidade em relação ao que você pode ver e como vai mostrar isso. O maior desafio é tirar uma foto que vai interessar outras pessoas. Produzimos tantas fotos hoje em dia que é muito difícil fazer isso.
Onde você costuma fotografar com mais frequência?
Eu normalmente tiro fotos durante minhas viagens, principalmente porque eu não tenho tempo para fazer isso todos os dias. Trabalhar e cuidar da minha filha toma a maior parte do meu dia. Recentemente, principalmente nos finais de semana, e com cada vez mais frequência, saio para tirar fotos em minha cidade natal.
Como você escolhe os temas que vai fotografar?
Eu tiro a fotos principalmente em minhas viagens. Então esses são normalmente os lugares que eu quero ver no país que estou visitando.
Você poderia descrever sua rotina quando está fotografando?
Eu acho que trato isso agora mais como uma forma de caminhar e tirar fotos. Eu nunca sigo uma rotina. Eu simplesmente ando e tiro fotos de tudo que acho interessante.
Muitas cenas em suas fotos são engraçadas. Quais são suas principais influências, em fotografia e em outras áreas que você acha que influenciam a sua forma de ver?
Ao contrário do que você notou, eu gosto mais de fotos visualmente bonitas do que das engraçadas. Acho que é por causa do meu amor pelo cinema. Acho que explica muito sobre como eu fotografo.
Poderia citar outros fotógrafos de rua de sua geração que você admira, mas que não necessariamente referências para você?
Eu constantemente descubro novos excelentes fotógrafos e não seria possível eu nomear todas as pessoas que eu admiro aqui. Eu também não sou boa em lembrar nomes, eu tenho mais facilidade de identificá-los pelas fotos que tiram.
Você integra dois coletivos de fotografia. Como isso ajuda você?
Eu não estou em nenhum coletivo no momento, mas não estou excluindo a possibilidade. Há algum tempo atrás, eu senti que fazer parte dos coletivos não me trazia nada e decidi sair. No entanto, estou sempre aberta para novas ideias e, se decidir que vale a pena investir tempo em algo, ou em minhas atividades, certamente foi fazê-lo.
Eu vi que você esteve no Brasil. Acho que foi no Carnaval. Como foi sua experiência fotografando aqui?
Sim, eu estive no Brasil este ano. Eu queria realmente ver com os meus próprios olhos como o mundialmente famoso Carnaval se parece. Eu li sobre a situação perigosa no Rio de Janeiro desde o começo, mas eu não sabia o que esperar. Há países mais e menos seguros na Europa, mas não há comparação, de forma alguma. É algo completamente diferente. Na Europa, eu não preciso me preocupar com a câmera, posso andar com ela na mão e nada vai acontecer. A primeira vez que eu saí do hotel, as pessoas na rua vieram até mim e me disseram para esconder a câmera, porque de outra forma alguém iria roubá-la. Isso dificultou muito para mim tirar fotos, porque todos estavam prestando atenção em mim. A maior parte do tempo, provavelmente, imaginando como alguém poderia ser tão estúpido de andar com uma câmera à mostra. No Brasil, definitivamente você tem que ter os olhos na nuca e ter mais cuidado do que na Europa. Felizmente, não passei por nenhuma situação desagradável e lembro do Carnaval como uma excelente experiência. Claro, depois de alguns dias carregando minha câmera na mochila, que eu levo à minha frente. Eu tirava a câmera, fazia as fotos e escondia de volta. Foi o meu jeito de fotografar no Rio.
Quão diferente foi de tirar fotos nas ruas da Polônia? Como as as pessoas normalmente reagem a fotógrafos de rua na Polônia?
Como eu escrevi, o Rio é muito perigoso. Mas, ao mesmo tempo, as pessoas era amigáveis e maravilhosas, muito abertas. Isso as torna diferentes das pessoas na Polônia, que são bastante fechadas e inacessíveis. Certamente, é algo que reflete nossa cultura e história. Somos mais desconfiados. E isso também tem efeito quando se tira fotos na Polônia. Frequentemente, as pessoas reclamam, prestam atenção e perguntam porque estou tirando fotos delas.
Você está trabalhando em algum projeto atualmente?
Infelizmente, no momento não estou trabalhando em nenhum projeto, embora não me faltem ideias. Por razões pessoais, eu não tenho tido tempo para realizá-las. Em um futuro próximo, eu vou me focar em aprender coisas novas em fotografia.
Que equipamento você usa?
Eu uso uma Fuji X100F
Como você vê a sua fotografia hoje? Como você se sente em relação ao seu trabalho? O que você gostaria de explorar mais? O que você pretende deixar para trás?
Eu tenho certeza de que minha abordagem na fotografia de rua mudou. Eu não levo mais tão a sério como levava antes. Ainda me divirto muito com e sou apaixonada pela prática, mas agora vou tentar me focar em fotografia documental e, como escrevi antes, quero aprender coisas novas.
Que fotografias do seu portfólio você gosta mais?
Eu acho que realmente gosto de fotografias com multiplos planos, mas eu também presto muita atenção à estética. Eu gosto quando há várias coisas acontecendo e o enquadramento está próximo.
O que você sugeriria para quem está começando a tirar fotos?
De fato, você pode dizer que eu também estou no começo dessa jornada o tempo todo. Alguns anos de fotografia não me tornam uma especialista nessa áreas. No entanto, eu gostaria que as pessoas não prestassem tanta atenção às opiniões do outros. E, por outro lado, não tivessem ciúmes do sucesso dos outros.
Arte na fotografia - entrevista com Claudio Edinger
Nascido no Rio de Janeiro, em 1952, Claudio Edinger é dono de uma estética difícil de confundir. Suas imagens, já há muitos anos, trazem poucos elementos em foco. O restante permanece sem nitidez, como em tilt-shift. Muitas das imagens feitas assim são retratos, paisagens urbanas ou fotos aéreas de cidades como o Rio de Janeiro, São Paulo, Paris e Nova York, ou de regiões como a Toscana. Mudam a perspectiva de quem vê, apresentam um mundo em que grandes prédios, muitas vezes, parecem miniaturas.
Em sua longa e prolífica trajetória na fotografia, Edinger publicou fotos em mais de 56 veículos, no Brasil e no exterior, entre os quais Business Week, Conde Nast’s Traveler, Marie Claire, Elle, National Geographic, New York Times Magazine, Paris Match, Valor, Veja e The Washington Post. Prêmios e bolsas, foram ao menos 14. Exposições, foram mais de 80, desde 1975. Livros publicados, são quase 20, entre os quais os dedicados ao lendário Hotel Chelsea; a praia de Venice, na Califórnia; o Carnaval brasileiro e a loucura.
Este ano, já lançou um livro e uma exposição. O livro, História da fotografia autoral e a pintura moderna, é resultado de uma pesquisa de cerca de dez anos. A exposição é mais uma etapa do projeto Machina Mundi, de fotos aéreas feitas em diversos países.
Na entrevista a seguir, Edinger fala sobre as origens do novo livro, as diferenças de formação e perfil dos fotógrafos brasileiros e americanos (Edinger morou 20 anos nos EUA), os projetos que têm em andamento, seu processo criativo e sua visão sobre o futuro da fotografia, em um momento em que a popularização dos telefones celulares torna a prática acessível a um número inédito e crescente de pessoas no mundo.
O que o levou a escrever "História da fotografia autoral e a pintura moderna"? Que papel espera que a obra tenha para os fotógrafos e a fotografia brasileira?
Tenho dado cursos de fotografia há 40 anos. Quando voltei para o Brasil, depois de 20 anos fora (nos Estados Unidos), notei que temos muito talento, mas pouca cultura fotográfica. Sem cultura é impossível ser um bom fotógrafo autoral. Aí comecei a pesquisar de onde vinha o meu conhecimento. Uma coisa foi puxando a outra e quando percebi tinha material suficiente para um livro. Espero que este livro sirva de impulso para os jovens artistas brasileiros. O livro não tem nenhuma pretensão. O que temos que saber é muito, e este livro é só um balde do oceano. Mas é um bom começo, espero, para fotógrafos e para o público em geral perceber (quem ainda não notou) a imensa dimensão de nossa arte, em todas as direções.
Como avalia a formação dos fotógrafos brasileiros em história da arte? E de que forma isso impacta a qualidade da fotografia brasileira?
Tenho visto que quando menciono alguns nomes nos workshops ninguém conhece. Daí concluí que nossa cultura é deficiente. Como é deficiente nossa educação. Mas temos uma criatividade absurda, o que é muito bom. Com um pouco de educação, iremos a lugares pouco explorados. É só reparar a nossa riqueza musical. Rítmos e estilos variados — esta é a nossa natureza, somos uma mistura de raças que vai dar muito certo, principalmente no que diz respeito à arte, à economia criativa. Só é preciso um pouco de investimento nisso.
Você viveu duas décadas nos Estados Unidos. De modo geral, quais as diferenças fundamentais (de formação e estilo) entre os fotógrafos de lá e daqui?
A América viveu um boom econômico absurdo no pós guerra. Investiram pesado na educação, têm possivelmente as melhores universidades do planeta, sempre acreditaram na importância da educação. A coisa funciona como uma bola de neve. Bons alunos viram bons professores que pedem por grandes museus que acabam sendo apoiados pela sociedade e tudo reverte para uma melhor educação. Mas nós temos um poder criativo incomparável. Se nos derem as mínimas condições vamos transformar nosso país em uma potência. Já estamos a caminho. Vejo isso como um movimento irreversível.
Além de lançar o livro, este ano você já inaugurou a exposição Machina Mundi NYC. Quais os próximos projetos em vista e ou já em andamento?
A vantagem de se fazer as coisas no Brasil é que temos sempre que ter cinco ou seis projetos em andamento ao mesmo tempo para poder, enfim, viabilizar um deles. Estou fazendo um livro com fotos aéreas, Machina Mundi 2, um livro de histórias dos meus projetos (“Coisas que eu vi”). Ando pesquisando a criação de uma universidade de arte e tecnologia, quero fazer um livro sobre Jerusalém, outro sobre a China. Quem fica parado é poste.
Nos últimos anos, com as câmeras digitais, a fotografia se popularizou. Hoje, todo mundo se acha um pouco fotógrafo. É possível comprar fotos em grandes bancos de imagens a por centavos. Por outro lado, o preço dos equipamentos de qualidade ainda é muito alto. Qual a sua visão sobre o futuro da fotografia? Haverá espaço para que tipo de profissional?
Sempre haverá espaço para os profissionais — de moda, publicidade, jornalismo, gastronomia, arquitetura e casamento. Mas a fotografia autoral, que é a que me interessa, é a que mais tem evoluído. As redes sociais são de extrema valia. Poder publicar o que fazemos ajuda-nos a avaliar nosso trabalho, a corrigir os erros, a aprofundar a pesquisa. A fotografia se transformou na pintura do século 21. As obras sendo produzidas, e também os altíssimos preços, na casa dos milhões de dólares, de algumas delas, têm demonstrado isso.
Hoje, quase todo mundo fotografa com celular. As câmeras dos smartphones são cada vez melhores. Mesmo fotógrafos profissionais, cada vez mais, utilizam o celular, até pela praticidade. Mas praticamente todos os aparelhos tem um mesmo tipo de lente, as 28mm. Essa homogeneização impacta de alguma forma a estética fotográfica do nosso tempo? Se sim, de que forma? Há paralelos como outros períodos da história, como quando surgiram as câmeras 35mm, por exemplo?
Vivemos uma época sem precedentes na história. Principalmente na história da fotografia. Os smartphones têm revolucionado nosso olhar. A câmera agora é onipresente. Todo mundo está sendo alfabetizado, por assim dizer, em imagens fotográficas. É um revolução cultural comparável (mas muito superior) ao do aparecimento da escrita — as épocas são absolutamente diferentes. Não acredito em homogeneização da imagem, pelo menos nas imagens que importam. O photoshop e os aplicativos abrem absurdas possibilidades. O que fotografamos hoje é só uma linha — a pipa está lá em cima…
Como é hoje seu processo de criação? Como define os temas que vai fotografar?
Eu acredito que a fotografia é uma força da Natureza e comigo tem sido sempre assim. As situações vão aparecendo, a fotografia vai puxando a gente. Este trabalho com imagens aéreas, por exemplo, aconteceu por acaso porque me pediram uma foto do Maracanã. Acabei fotografando o Rio e assim começou.
Que novos fotógrafos ou correntes fotográficas hoje chamam a sua atenção no Brasil e no mundo?
No Brasil temos uma lista gigante de talentos antigos e novos e não vou citar nomes para não esquecer de ninguém. Mas em meu livro você tem os fotógrafos que pra mim são relevantes hoje em dia. Quanto às correntes fotográficas, são muitas, em todas as direções, desde auto-retratos incríveis, até stills de cinema, até construções surreais. A fotografia cresce horizontalmente e, a cada dia, aparecem talentos e obras novas. É lindo de se ver.
Como avalia a fotografia brasileira hoje? Por quê?
Nossa fotografia está entre as cinco mais importantes do mundo e com um pouco de ajuda vai pro topo. Somos uma jovem nação com um talento atávico extraordinário. Vivemos um momento fantástico, ainda mais diante de todas as dificuldades que enfrentamos. Ou talvez exatamente por isso.
Que equipamentos tem usado atualmente?
Uso uma Canon 5D Mark IV e um drone Mavic Pro 2 com câmera Hasselblad.
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